Impacto da quimioterapia na função ovariana em mulheres com Câncer de Mama
- Projeto Sementes do Bem
- 26 de jul. de 2024
- 3 min de leitura

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo, com mais de 2 milhões de novos casos diagnosticados em 2020. Embora a quimioterapia seja uma ferramenta crucial no tratamento do câncer de mama, ela pode ter efeitos adversos significativos sobre a função ovariana, levando à falência ovariana induzida por quimioterapia (COF). Este texto explora os mecanismos pelos quais a quimioterapia causa danos aos ovários, os agentes quimioterápicos envolvidos e as implicações para a saúde e a fertilidade das pacientes.
O que é a falência ovariana induzida por quimioterapia (COF)?
A COF refere-se à interrupção das funções endócrina e reprodutiva dos ovários após a exposição à quimioterapia. Esta condição é caracterizada pela ausência de menstruação regular em mulheres pré-menopáusicas ou níveis elevados de FSH (hormônio folículo-estimulante) acima de 40 IU/L. A falência ovariana pode resultar em menopausa precoce, afetando significativamente a qualidade de vida e a saúde reprodutiva das pacientes.
Mecanismos de danos ovarianos
Aceleração da maturação dos folículos ovarianos:
Agentes quimioterápicos podem induzir a apoptose (morte celular programada) de folículos ovarianos maduros, resultando na depressão dos níveis de estrogênio e hormônio antimülleriano. Este feedback negativo nas células gonadotrópicas da hipófise pode acelerar a maturação dos folículos prematuros, que entram em apoptose sob a quimioterapia, levando ao esgotamento gradual dos folículos ovarianos.
Dano direto ao DNA dos folículos quiescentes:
Agentes quimioterápicos, como os alquilantes e a doxorrubicina, podem causar danos diretos ao DNA dos oócitos dormentes, resultando em quebras de fita dupla no DNA e ativação de vias pró-apoptóticas, levando à apoptose dos folículos afetados.
Disrupção da vascularização ovariana:
A quimioterapia pode comprometer a funcionalidade da vasculatura ovariana e do estroma, resultando em espasmo vascular local, fibrose do córtex ovariano e inibição da angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos), que são essenciais para a saúde dos ovários.
Agentes quimioterápicos associados ao risco de falência ovariana
Alto Risco:
Ciclofosfamida
Ifosfamida
Busulfano
Clorambucil
Melfalana
Procarbazina
Risco Médio:
Cisplatina
Carboplatina
Doxorrubicina (um tipo de antibiótico antraciclínico)
Paclitaxel (um tipo de taxano)
Docetaxel (um tipo de taxano)
Baixo Risco:
Vincristina (um tipo de alcaloide da vinca)
Vinblastina (um tipo de alcaloide da vinca)
Bleomicina (um tipo de antibiótico antraciclínico)
Metotrexato (um tipo de antimetabólito)
5-Fluorouracil (um tipo de antimetabólito)
Mercaptopurina (um tipo de antimetabólito)
Manifestações clínicas
Muitas mulheres com menos de 50 anos que recebem quimioterapia adjuvante para o câncer de mama podem experimentar sintomas de menopausa induzida pela quimioterapia. Esses sintomas, como fogachos, sudorese noturna, secura vaginal e atrofia, podem ser mais severos do que aqueles observados na menopausa natural. Estes sintomas têm um impacto significativo na qualidade de vida das sobreviventes de câncer de mama.
Avaliação da função ovariana
Para distinguir entre COF e falência ovariana prematura (POF), é crucial avaliar a reserva ovariana, que inclui a contagem de folículos antrais e os níveis de hormônio antimülleriano (AMH). A redução dos níveis de AMH é o primeiro sinal de dano ovariano após a quimioterapia, e a contagem de folículos antrais durante a ultrassonografia ovariana representa uma técnica precisa para determinar a reserva ovariana.
Estratégias de proteção ovariana
Análogos de LH-RH:
Estudos indicam que os análogos de LH-RH podem reduzir a falência ovariana prematura quando administrados concomitantemente com a quimioterapia.
Armazenamento de Oócitos:
A preservação de oócitos antes da quimioterapia é uma técnica amplamente utilizada para preservar a fertilidade. Este método envolve a retirada dos oócitos antes do início do tratamento quimioterápico para que não sejam danificados.
Armazenamento de Tecido Ovariano:
A remoção e congelamento de tecido ovariano, que pode ser reimplantado posteriormente, é outra estratégia para restaurar o ciclo hormonal e a fertilidade. Esta técnica é ainda experimental, mas mostrou-se promissora em casos limitados.
Os danos ovarianos induzidos por quimioterapia representam um desafio significativo para a qualidade de vida e a fertilidade das mulheres com câncer de mama. A compreensão dos mecanismos subjacentes a esses danos e o desenvolvimento de estratégias eficazes de proteção ovariana são cruciais para melhorar os cuidados e o prognóstico dessas pacientes. O estudo contínuo desses mecanismos e a implementação de intervenções eficazes são essenciais para mitigar os efeitos adversos da quimioterapia na função ovariana.
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Referências:
ABUTALEB, Fouad M. et al. (2024). Mechanisms of chemotherapy-induced ovarian damage in Breast Cancer Patients. African Journal of Biological Sciences, 6(2), 1504-1513.





Adorei as informações. Gratidão