Berberina e Parkinson: o intestino pode ser a chave para um novo cuidado
- Projeto Sementes do Bem
- 3 de set.
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A Doença de Parkinson é um dos transtornos neurológicos que mais cresce no mundo. Estima-se que mais de 10 milhões de pessoas já convivam com a condição, e esse número deve dobrar até 2040, em parte devido ao envelhecimento da população. Não é por acaso que alguns especialistas já chamam o Parkinson de uma “pandemia silenciosa”.
Os sintomas mais conhecidos são os tremores, a rigidez muscular e a lentidão nos movimentos. Mas o Parkinson vai muito além disso: ele também pode causar alterações no sono, constipação, depressão, ansiedade e perda de memória. Tudo isso porque a doença não afeta apenas o cérebro — ela envolve inflamação, acúmulo de proteínas tóxicas, falhas no sistema de limpeza celular e até desequilíbrios no intestino.
🍃 O que é a berberina?
A berberina é um composto natural encontrado em plantas como a Phellodendron amurense e a Berberis vulgaris. Usada há séculos na medicina tradicional para problemas digestivos e metabólicos, hoje ela é investigada pela ciência moderna por seus efeitos no cérebro e no intestino.
E é justamente essa conexão que chama atenção quando pensamos no Parkinson.
🔑 Intestino e cérebro: uma via de mão dupla
Pesquisas recentes mostram que o Parkinson pode começar no intestino. Muitas pessoas desenvolvem constipação anos antes dos primeiros tremores. Além disso, já se sabe que:
Alterações na microbiota intestinal (disbiose) são comuns em pacientes com Parkinson.
Bactérias como Enterococcus faecalis podem “roubar” a levodopa (principal remédio da doença), diminuindo sua eficácia.
Outras bactérias produzem toxinas que favorecem a inflamação e o acúmulo da proteína alfa-sinucleína, que é tóxica para os neurônios.
Essa ligação é chamada de eixo intestino-cérebro. É nele que a berberina pode fazer diferença.
🌱 Como a berberina pode ajudar no Parkinson?
1. Aumentando a dopamina de forma natural
A berberina estimula bactérias intestinais a produzirem L-dopa, a mesma substância usada nos remédios convencionais. Essa L-dopa entra no sangue, atravessa a barreira cerebral e vira dopamina — melhorando a comunicação entre os neurônios.
2. Protegendo os neurônios
A berberina reduz o estresse oxidativo (radicais livres) e a inflamação crônica, dois dos principais fatores que aceleram a morte das células nervosas no Parkinson.
3. Limpando proteínas tóxicas
Ela ativa a autofagia, um processo de reciclagem celular que ajuda a eliminar a proteína alfa-sinucleína acumulada, responsável por formar os “corpos de Lewy” típicos da doença.
4. Cuidando do intestino
Além de tudo, a berberina ajuda a equilibrar a microbiota intestinal, favorecendo bactérias benéficas e reduzindo as nocivas. Assim, melhora a absorção de nutrientes, a imunidade e até a resposta aos medicamentos.
⚠️ O que ainda precisamos saber
Apesar dos resultados animadores em animais e estudos iniciais em humanos, ainda não existem grandes ensaios clínicos confirmando a eficácia da berberina no tratamento do Parkinson. Também sabemos que doses altas podem ser tóxicas, por isso o uso deve sempre ser acompanhado por um profissional de saúde.
🌍 Um novo olhar para o futuro
O Parkinson é uma doença complexa, que envolve não apenas o cérebro, mas todo o corpo. Nesse cenário, a berberina surge como um aliado natural promissor, capaz de:
✔️ modular a microbiota intestinal,
✔️ aumentar a produção natural de dopamina,
✔️ proteger os neurônios,
✔️ e reduzir inflamação.
Ainda não é uma cura, mas aponta para um caminho inovador: tratar o intestino para proteger o cérebro.
✨ Em resumo: a berberina mostra que cuidar do intestino pode ser a chave para viver melhor com o Parkinson e, quem sabe, mudar o futuro do tratamento da doença.
Abraços e beijos no coração! 💚
Referências:
CHA, Hae-Rim et al. Investigating Neuroprotective Effects of Berberine on Mitochondrial Dysfunction and Autophagy Impairment in Parkinson’s Disease. International Journal of Molecular Sciences, v. 26, n. 15, p. 7342, 2025.
DADGOSTAR, Ehsan et al. Can berberine serve as a new therapy for Parkinson’s disease?. Neurotoxicity Research, v. 40, n. 4, p. 1096-1102, 2022.
FAN, Hong‐Xia; SHENG, Shuo; ZHANG, Feng. New hope for Parkinson's disease treatment: Targeting gut microbiota. CNS neuroscience & therapeutics, v. 28, n. 11, p. 1675-1688, 2022.
WANG, Yan et al. Oral berberine improves brain dopa/dopamine levels to ameliorate Parkinson’s disease by regulating gut microbiota. Signal Transduction and Targeted Therapy, v. 6, n. 1, p. 77, 2021.





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