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Gengibre e Saúde Bucal: Evidências Científicas do Seu Potencial no Tratamento da Periodontite

Health Science Reports, 2025; 8:e71052
Health Science Reports, 2025; 8:e71052

A periodontite é uma inflamação crônica que afeta os tecidos de sustentação dos dentes — gengiva, osso alveolar e ligamento periodontal — e acomete entre 70% e 80% da população mundial. Trata-se de uma condição multifatorial, desencadeada principalmente por bactérias anaeróbicas gram-negativas que colonizam a cavidade oral, como Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia e Fusobacterium nucleatum. Essas bactérias ativam o sistema imunológico do hospedeiro, gerando uma cascata inflamatória com liberação de citocinas como IL-1β, TNF-α, prostaglandinas e enzimas proteolíticas (como MMPs), que culminam na degradação do colágeno, destruição óssea e perda dentária.


Nos últimos anos, a fitoterapia tem emergido como uma abordagem promissora no manejo de condições inflamatórias crônicas, incluindo a periodontite. Dentre os fitoterápicos investigados, o gengibre (Zingiber officinale) vem se destacando por seus efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, antimicrobianos e imunomoduladores amplamente documentados na literatura científica.


Mecanismos de Ação do Gengibre na Periodontite

Os principais constituintes bioativos do gengibre — como os gingeróis, shogaóis e zingerona — exercem múltiplas ações terapêuticas:

Health Science Reports, 2025; 8:e71052
Health Science Reports, 2025; 8:e71052
  • Atividade anti-inflamatória: 6-shogaol e 6-gingerol inibem vias inflamatórias críticas, como NF-κB, MAPK e STAT3, reduzindo a produção de mediadores inflamatórios como IL-6, TNF-α, óxido nítrico (NO) e prostaglandina E2 (PGE2).

  • Ação antioxidante: Suprime a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e eleva a atividade de enzimas antioxidantes como superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPx).

  • Inibição da osteoclastogênese: Modula a diferenciação de osteoclastos — células responsáveis pela reabsorção óssea — via inibição de fatores como RANKL, NFATc1 e Ca2+ intracelular.

  • Atividade antimicrobiana: Extratos de gengibre demonstraram inibir o crescimento de bactérias periodontopatogênicas.


Além disso, novas abordagens vêm explorando nanopartículas derivadas do gengibre (GELNs), que agem como sistemas de entrega de compostos bioativos, potencializando seus efeitos regenerativos e anti-inflamatórios em modelos pré-clínicos.


Evidências Clínicas

Ensaios clínicos controlados duplo-cegos demonstraram que o uso de gengibre (2 g/dia por 8 semanas) reduziu marcadores inflamatórios sistêmicos como TNF-α, IL-6 e proteína C-reativa de alta sensibilidade (hs-CRP), além de melhorar parâmetros periodontais como profundidade de sondagem (PD) e perda de inserção clínica (CAL). Em pacientes diabéticos com periodontite, o gengibre também promoveu melhor controle glicêmico (redução de HbA1c) e aumento do HDL.


Outro estudo comparou gengibre (400 mg) a anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) como o ibuprofeno no pós-operatório de cirurgias periodontais. Ambos reduziram inflamação gengival e dor com eficácia comparável, evidenciando que o gengibre pode ser uma alternativa natural segura, com menos efeitos colaterais gastrointestinais.


Desafios e Perspectivas

Apesar das evidências promissoras, o gengibre enfrenta limitações como baixa biodisponibilidade oral e instabilidade de seus compostos em formulações convencionais. Estratégias tecnológicas, como sistemas nanoencapsulados, vêm sendo propostas para otimizar sua absorção e ação terapêutica localizada. Além disso, embora os efeitos adversos sejam raros e leves (ex: azia, diarreia leve), doses superiores a 6 g/dia podem causar irritação gástrica.


Conclusão

O gengibre configura-se como um fitoterápico multifuncional no contexto da periodontite, atuando desde o controle microbiano até a modulação inflamatória e regeneração tecidual. É uma alternativa natural que alia eficácia terapêutica e segurança, sendo especialmente relevante em estratégias integrativas e de baixo risco. Pode ser utilizado de diferentes formas, incluindo cápsulas padronizadas, infusões (chás) com a raiz fresca ou seca, e também como solução para bochechos, ampliando sua aplicabilidade tanto em protocolos sistêmicos quanto tópicos.


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Espero que tenham gostado!  Abraços e beijos no coração!


Referências:

  1. AREFNEHZAD, Reza et al. Ginger as a Potential Remedy for Periodontitis Treatment: A Review on the Present Evidence. Health Science Reports, v. 8, n. 7, p. e71052, 2025.


     

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