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13 de Junho: Dia Global de Conscientização sobre o Câncer de Pele Não Melanoma

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O dia 13 de junho é dedicado globalmente à conscientização sobre o Câncer de Pele Não Melanoma, uma condição que, apesar de sua alta taxa de cura quando detectada precocemente, representa a forma mais prevalente de câncer em humanos em todo o mundo. Este dia serve como um lembrete da importância da prevenção, do diagnóstico precoce e da compreensão dos tratamentos disponíveis e emergentes. Esta aula visa aprofundar o conhecimento sobre o Câncer de Pele Não Melanoma, abordando desde suas causas e tipos até as mais recentes descobertas em terapias convencionais e integrativas.


1. Entendendo o Câncer de Pele Não Melanoma

O Câncer de Pele Não Melanoma engloba principalmente dois tipos de tumores cutâneos que se originam nas células da epiderme (a camada mais externa da pele), mas não nos melanócitos (células que produzem melanina, o pigmento da pele):


  1. Carcinoma Basocelular: É o tipo mais comum de Câncer de Pele Não Melanoma e de todos os cânceres de pele. Desenvolve-se nas células basais, localizadas na parte inferior da epiderme. O Carcinoma Basocelular geralmente cresce lentamente e raramente se espalha para outras partes do corpo (metástase), mas pode ser localmente invasivo se não tratado, causando danos significativos aos tecidos circundantes. Frequentemente aparece como uma pápula perolada ou translúcida, uma lesão avermelhada e escamosa, ou uma ferida que não cicatriza. Mutações na via de sinalização Hedgehog, especialmente nos genes Patched1 (PTCH1) e Smoothened (SMO), são cruciais na sua patogênese.

  2. Carcinoma Espinocelular (ou Carcinoma de Células Escamosas): É o segundo tipo mais comum de Câncer de Pele Não Melanoma. Origina-se nas células escamosas, que compõem a maior parte da camada superior da epiderme. O Carcinoma Espinocelular tem um potencial maior de crescimento rápido, invasão local e, em alguns casos, metástase para outras partes do corpo, especialmente se não for tratado precocemente ou em indivíduos imunossuprimidos. Pode surgir como um nódulo vermelho firme, uma lesão plana com superfície escamosa ou crostosa, ou uma ferida que não cicatriza. Muitas vezes, o Carcinoma Espinocelular se desenvolve a partir de lesões pré-malignas chamadas ceratoses actínicas. Mutações no gene TP53 são comuns no Carcinoma Espinocelular.


A incidência do Câncer de Pele Não Melanoma tem aumentado globalmente, sendo um problema de saúde pública significativo devido aos custos associados ao tratamento e ao impacto na qualidade de vida dos pacientes.


2. Fatores de Risco: Desvendando as Causas

A etiologia do Câncer de Pele Não Melanoma é multifatorial, mas a exposição à radiação ultravioleta é, de longe, o principal fator de risco:


  • Radiação Ultravioleta: Proveniente do sol e de fontes artificiais como câmaras de bronzeamento, a radiação ultravioleta (especialmente a radiação ultravioleta B (280-320 nm)) é a causa primária do Câncer de Pele Não Melanoma. Ela causa danos diretos ao ácido desoxirribonucleico das células da pele, como a formação de dímeros de pirimidina ciclobutano. Se esses danos não forem reparados eficientemente, podem levar a mutações em genes supressores de tumor e oncogenes, iniciando a carcinogênese. Além do dano genético, a radiação ultravioleta também induz imunossupressão local na pele, diminuindo a capacidade do sistema imunológico de reconhecer e eliminar células alteradas ou cancerosas. A imunossupressão induzida por radiação ultravioleta é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pele.

  • Imunossupressão: Indivíduos com o sistema imunológico enfraquecido têm um risco significativamente maior de Câncer de Pele Não Melanoma. Isso inclui:

  • Pacientes Transplantados: Estes pacientes utilizam medicamentos imunossupressores para prevenir a rejeição do órgão transplantado, o que aumenta a incidência de Câncer de Pele Não Melanoma em 40-70%. O risco de Carcinoma Espinocelular pode ser 65-250 vezes maior que na população geral.

  • Outras Condições: Doenças autoimunes, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, ou tratamentos quimioterápicos também podem comprometer a imunidade e aumentar o risco.

  • Idade Avançada: O risco aumenta com a idade devido ao acúmulo de danos solares e à diminuição da eficiência dos mecanismos de reparo do ácido desoxirribonucleico e da vigilância imunológica.

  • Tipo de Pele Clara (Fototipos I e II): Pessoas com pele, cabelos e olhos claros têm menos melanina, um pigmento que oferece alguma proteção contra os danos da radiação ultravioleta, e, portanto, são mais suscetíveis.

  • Histórico Pessoal ou Familiar de Câncer de Pele: Ter tido Câncer de Pele Não Melanoma anteriormente aumenta o risco de desenvolver novos tumores. Um histórico familiar também pode indicar predisposição genética.

  • Exposição a Carcinógenos: Contato com arsênico, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e radiação ionizante são fatores de risco. A exposição a metais pesados em geral tem sido associada ao Câncer de Pele Não Melanoma.

  • Doenças Genéticas Raras: Certas condições genéticas raras, como xeroderma pigmentoso (defeito no reparo do ácido desoxirribonucleico (DNA)) e síndrome de Gorlin-Goltz (associada a múltiplos Carcinomas Basocelulares), predispõem ao desenvolvimento de Câncer de Pele Não Melanoma.

  • Vírus: Alguns tipos de papilomavírus humano, especialmente em indivíduos imunossuprimidos, podem atuar como cofatores no desenvolvimento de Carcinoma Espinocelular.


3. Sinais de Alerta e a Importância Vital da Detecção Precoce

A detecção precoce é a chave para um tratamento bem-sucedido e menos invasivo. É importante estar atento a:


  • Qualquer nova lesão cutânea (pinta, mancha, caroço) que apareça e persista.

  • Lesões existentes que mudem de tamanho, forma, cor, espessura ou textura.

  • Feridas que não cicatrizam em 4-6 semanas, ou que cicatrizam e reabrem.

  • Lesões que sangram facilmente, coçam, doem, formam crostas ou descamam repetidamente.

  • Para Carcinoma Basocelular: Lesões peroladas, rosadas ou translúcidas, com bordas elevadas e centro deprimido, ou áreas planas semelhantes a cicatrizes.

  • Para Carcinoma Espinocelular: Nódulos avermelhados, firmes, lesões escamosas, crostosas ou ulceradas.


O autoexame mensal da pele e visitas regulares ao dermatologista, que pode utilizar ferramentas como o dermatoscópio para uma avaliação mais precisa, são fundamentais. A biópsia da lesão suspeita confirma o diagnóstico.


4. Prevenção: A Melhor Estratégia

A maioria dos casos de Câncer de Pele Não Melanoma pode ser prevenida adotando medidas de proteção contra a radiação ultravioleta e através de estratégias de quimioprevenção:


Fotoproteção Consciente e Contínua:

  • Protetor Solar: Usar diariamente protetor solar com Fator de Proteção Solar 30 ou superior, de amplo espectro (proteção radiação ultravioleta A e radiação ultravioleta B). Aplicar generosamente em todas as áreas expostas 15-30 minutos antes da exposição e reaplicar a cada 2 horas, ou após suor excessivo, mergulho ou secar-se com toalha.

  • Vestuário e Acessórios: Roupas com proteção radiação ultravioleta, chapéus de abas largas e óculos de sol são barreiras físicas eficazes.

  • Horário: Evitar a exposição solar direta nos horários de maior intensidade de radiação ultravioleta (geralmente entre 10h e 16h).

  • Bronzeamento Artificial: Abolir o uso de câmaras de bronzeamento.


Quimioprevenção e o Papel dos Nutracêuticos: A quimioprevenção utiliza substâncias naturais ou sintéticas para interromper ou reverter o processo de desenvolvimento do câncer. Muitos compostos bioativos de alimentos e plantas têm sido estudados por seu potencial preventivo:


Nicotinamida (Vitamina B3): A suplementação oral com nicotinamida tem demonstrado potencial na redução da incidência de ceratoses actínicas (lesões pré-malignas) e Cânceres de Pele Não Melanoma em indivíduos de alto risco. Ela atua melhorando o reparo do ácido desoxirribonucleico danificado pela radiação ultravioleta, aumentando os níveis de energia celular (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo / Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Fosfato) e reduzindo a imunossupressão induzida pelos raios radiação ultravioleta. Uma meta-análise recente, no entanto, não encontrou uma associação significativa na redução do risco de Carcinoma Espinocelular ou Carcinoma Basocelular ao agrupar estudos com pacientes imunocompetentes e imunossuprimidos, indicando que mais pesquisas são necessárias, especialmente para subgrupos específicos. É importante notar que a enzima Nicotinamida N-metiltransferase, que metila a nicotinamida, encontra-se super expressa em cânceres de pele, o que pode impactar os níveis intracelulares de Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo e a eficácia da nicotinamida.


Resveratrol: Este polifenol, encontrado em uvas e vinho tinto, possui potentes propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antitumorais. Estudos pré-clínicos indicam que o resveratrol pode:

  • Modular o Estresse Oxidativo: Combate as espécies reativas de oxigênio geradas pela radiação ultravioleta, protegendo o ácido desoxirribonucleico.

  • Induzir Apoptose: Estimula a morte programada de células cancerosas. Mecanismos envolvem a via mitocondrial, modulação de proteínas da família Bcl-2, caspases, e supressão da survivina.

  • Inibir a Proliferação Celular: Interfere em vias de sinalização cruciais para o crescimento tumoral, como Wnt/β-catenina e Proteína Quinase Ativada por Mitógeno.

  • Ação Anti-inflamatória: Reduz a produção de citocinas inflamatórias (fator de necrose tumoral alfa, interleucina-6) e inibe vias como fator nuclear kappa B. A baixa biodisponibilidade do resveratrol é um desafio, mas a pesquisa em nanotecnologia para melhorar sua entrega tópica e sistêmica é promissora.


Outros Fitoquímicos Promissores:

  • Terpenóides: Uma vasta classe de compostos encontrados em plantas.

  • Eucaliptol (1,8-cineole): Inibe a ciclooxigenase-2 induzida por radiação ultravioleta B via receptor de aril hidrocarboneto e prostaglandina E2 e suprime metástases pela via fosfatidilinositol 3-quinase / Proteína Quinase B / Alvo da Rapamicina em Mamíferos em modelos de Câncer de Pele Não Melanoma e melanoma.

  • Eugenol: Exerce efeitos anti-inflamatórios (via fator nuclear kappa B, óxido nítrico sintase induzível, ciclooxigenase-2, citocinas) e pró-apoptóticos (via p53, p21, Bax/Bcl-2, c-Myc, H-ras) em Câncer de Pele Não Melanoma.

  • Geraniol: Demonstrou atividade antiproliferativa e pró-apoptótica em Câncer de Pele Não Melanoma, inibindo lipooxigenase-5, hialuronidase e a via Ras/Raf/ Proteína Quinase Ativada por Mitógeno. Em melanoma, pode inibir a 3-hidroxi-3-metilglutaril Coenzima A redutase.

  • Linalool: Reduziu marcadores de proliferação e inflamação (fator nuclear kappa B, fator de necrose tumoral alfa, interleucina-6, ciclooxigenase-2) em pele exposta a radiação ultravioleta B.

  • Ácido Ursólico: Induz apoptose, combate o estresse oxidativo (ativando fator nuclear eritroide 2 relacionado ao fator 2) e possui efeitos anti-inflamatórios (inibindo fator nuclear kappa B).

  • Outros Terpenóides: Ingenol mebutato (aprovado para ceratoses actínicas, mas com alerta de segurança recente da Agência Europeia de Medicamentos ), ácido glicirrízico (modula células T regulatórias/células supressoras derivadas de mieloides) e betulina/ácido betulínico (induz apoptose e diferenciação) também são estudados.

  • Curcumina: O principal componente ativo da cúrcuma, com potente ação anti-inflamatória (modula fator nuclear kappa B, STAT3, ciclooxigenase-2) e antioxidante. Sua aplicação tópica e oral tem sido investigada na prevenção de danos por radiação ultravioleta e no tratamento de Câncer de Pele Não Melanoma. Nanoformulações melhoram sua entrega.

  • Epigalocatequina-3-galato (do chá verde): Este potente antioxidante pode proteger a pele contra danos induzidos por radiação ultravioleta e inibir o crescimento de células cancerosas. Inibe vias como β-catenina e Fator 6 Associado ao Receptor de fator de necrose tumoral alfa (TRAF6), e a secreção de metaloproteinases da matriz, importantes para invasão e metástase. Formulações em nanocarreadores, como transferossomos, estão sendo desenvolvidas para melhorar sua aplicação tópica no Câncer de Pele Não Melanoma.

  • Flavonóides (Apigenina, Genisteína, Quercetina, Kaempferol): Encontrados em muitas frutas e vegetais, possuem atividade antioxidante, anti-inflamatória e podem modular vias de sinalização celular importantes na carcinogênese. A apigenina, por exemplo, pode restaurar a autofagia e modular a via Alvo da Rapamicina em Mamíferos em queratinócitos expostos a radiação ultravioleta B. A genisteína protege contra o fotoenvelhecimento e danos por radiação ultravioleta B.

  • Isotiocianatos (ex: Sulforafano de brócolis): Induzem enzimas de destoxificação (via fator nuclear eritróide 2 relacionado ao fator 2), inibem histona deacetilases e podem ter efeitos epigenéticos protetores. O sulforafano demonstrou suprimir a progressão do Carcinoma Espinocelular através da degradação de Proteína Arginina Metiltransferase 5 e inibição de Transglutaminase 2.

  • Alcalóides (ex: Criptolepina): A criptolepina mostrou atividade citotóxica contra células de Câncer de Pele Não Melanoma, inibindo topoisomerases e induzindo dano ao ácido desoxirribonucleico.

  • Carotenóides (Licopeno, Astaxantina, Fucoxantina): Conhecidos por suas propriedades antioxidantes e fotoprotetoras, podem ativar a via fator nuclear eritróide 2 relacionado ao fator 2.

  • Ceramidas (ex: C2 Ceramida): Estes lipídios da pele podem induzir apoptose em células de melanoma e Carcinoma Espinocelular, modulando vias como Proteína Quinase C e Akt, e afetando o microambiente tumoral.


Uma dieta rica em frutas, vegetais e outros alimentos com compostos bioativos pode complementar as estratégias de proteção solar.


5. Impacto Sistêmico do Câncer de Pele Não Melanoma e Sua Relação com Nutrientes

O Câncer de Pele Não Melanoma e a exposição crônica à radiação ultravioleta podem desencadear respostas que ultrapassam a pele, afetando o equilíbrio sistêmico do organismo:


  • Estresse Oxidativo e Inflamação Sistêmica: A exposição prolongada à radiação ultravioleta induz a produção de Espécies Reativas de Oxigênio na pele, o que pode levar a um estado de estresse oxidativo e inflamação não apenas localmente, mas também sistemicamente. Biomarcadores de estresse oxidativo (como malondialdeído) e de inflamação (como Proteína C Reativa e certas interleucinas) podem estar alterados em pacientes com Câncer de Pele Não Melanoma. O microambiente tumoral do Câncer de Pele Não Melanoma também pode liberar mediadores inflamatórios e oxidativos na corrente sanguínea.

  • Vitamina D: A relação é complexa. A pele sintetiza vitamina D sob exposição à radiação ultravioleta, a mesma que causa Câncer de Pele Não Melanoma. Níveis séricos elevados de 25(OH)D podem estar associados a um maior risco de Câncer de Pele Não Melanoma em alguns estudos, possivelmente refletindo maior exposição solar acumulada. Contudo, a vitamina D em si tem papéis na regulação celular e imunológica. Estudos com suplementação de vitamina D para prevenção de Câncer de Pele Não Melanoma não mostraram resultados consistentes, sugerindo que a ingestão oral pode não ter o mesmo perfil de risco que a síntese cutânea associada à exposição à radiação ultravioleta. Pacientes com Câncer de Pele Não Melanoma podem apresentar deficiência de vitamina D, especialmente idosos que evitam o sol, e essa deficiência pode ser exacerbada pelo estresse oxidativo sistêmico.

  • Metais Pesados: A exposição a metais pesados, como o arsênico, é um fator de risco conhecido para Câncer de Pele Não Melanoma. Alguns estudos sugerem que a 25-hidroxivitamina D3 pode mediar as associações entre metais pesados urinários (como mercúrio, iônio, cobalto) e o Câncer de Pele Não Melanoma.


6. Tratamentos: Do Convencional às Novas Fronteiras

O tratamento do Câncer de Pele Não Melanoma visa remover ou destruir o tumor, preservar a função e a estética, e prevenir a recorrência.


Tratamentos Convencionais:

Cirurgia:

  • Excisão Cirúrgica Simples: Remoção do tumor com uma margem de pele saudável. É o tratamento mais comum.

  • Cirurgia Micrográfica de Mohs: Técnica especializada com altas taxas de cura, onde o tumor é removido camada por camada, e cada camada é examinada ao microscópio até que não haja mais células cancerosas. Indicada para tumores em áreas de risco, grandes, recidivantes ou com bordas mal definidas.

  • Curetagem e Eletrodissecação: Raspagem do tumor seguida de cauterização. Usada para tumores pequenos e superficiais.

  • Radioterapia: Utiliza radiação ionizante para destruir células cancerosas. Opção para tumores grandes, de difícil abordagem cirúrgica, ou em pacientes não candidatos à cirurgia.


Terapias Tópicas:

  • 5-Fluorouracil: Um quimioterápico que interfere na síntese de ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA), matando células de divisão rápida. Usado para ceratoses actínicas e Carcinomas Basocelulares superficiais.

  • Imiquimod: Um modificador da resposta imune que estimula o sistema imunológico local a atacar as células cancerosas, induzindo a produção de citocinas como o interferon-alfa. Usado para ceratoses actínicas, Carcinomas Basocelulares superficiais e alguns Carcinomas Espinocelulares in situ.

  • Ingenol Mebutato: Extraído da planta Euphorbia peplus, induz necrose celular rápida seguida por uma resposta inflamatória que elimina células tumorais residuais. Aprovado para ceratoses actínicas, mas recentemente suspenso pela Agência Europeia de Medicamentos e outras agências devido a preocupações com o aumento do risco de Carcinoma Espinocelular a longo prazo.

  • Tretinoína (Retinóide): Derivado da vitamina A, pode ser usado na prevenção e tratamento de lesões pré-malignas e alguns Cânceres de Pele Não Melanoma superficiais, regulando o crescimento e diferenciação celular.


Terapia Fotodinâmica: Envolve a aplicação de um agente fotossensibilizante na pele, que é então ativado por uma luz de comprimento de onda específico. Isso gera oxigênio singlete e outras espécies reativas de oxigênio que destroem as células tumorais. Usada para ceratoses actínicas e alguns Carcinomas Basocelulares e Carcinomas Espinocelulares superficiais.


Inibidores da Via Hedgehog: O Carcinoma Basocelular frequentemente apresenta mutações que ativam a via de sinalização Hedgehog. Medicamentos orais como vismodegib e sonidegib bloqueiam essa via e são usados para Carcinomas Basocelulares localmente avançados ou metastáticos, ou em casos onde a cirurgia ou radioterapia não são apropriadas.


Imunoterapia com Inibidores de Checkpoint Imunológico:

  • Principalmente para Carcinoma Espinocelular avançado, metastático ou recorrente, e mais recentemente para Carcinoma Basocelular avançado resistente a inibidores da via Hedgehog.

  • Medicamentos como cemiplimabe, pembrolizumabe (anti-Morte Programada 1) bloqueiam a proteína Morte Programada 1 nas células T, permitindo que estas ataquem as células cancerosas.

  • A resposta a essa terapia pode ser influenciada por fatores como o microbioma intestinal.


Tratamentos Integrativos e Pesquisas Emergentes: A busca por terapias mais eficazes, com menos efeitos colaterais e que possam complementar os tratamentos convencionais, têm impulsionado a pesquisa em compostos naturais e novas tecnologias.


Fitoquímicos e Compostos Naturais como Terapia ou Adjuvantes:

  • Resveratrol: Além de seu papel preventivo, o resveratrol tem sido estudado por seus efeitos diretos em células de Câncer de Pele Não Melanoma, incluindo indução de apoptose (via p53/survivina/segundo ativador de caspase derivado da mitocôndria/DIABLO), inibição da proliferação (via Wnt/β-catenina/miR-126), anti-inflamatório (via fator nuclear kappa B/citocinas), combate ao estresse oxidativo. Demonstrou sinergia com 5-Fluorouracil e Terapia Fotodinâmica com Ácido 5-Aminolevulínico em modelos pré-clínicos.

  • Curcumina: Pode inibir o crescimento tumoral, induzir apoptose e modular múltiplas vias de sinalização (fator nuclear kappa B, STAT3, ciclooxigenase-2, Akt/Alvo da Rapamicina em Mamíferos). Pode sensibilizar células cancerosas a quimioterapia e radioterapia.

  • Epigalocatequina-3-galato (Chá Verde): Inibe a proliferação e induz apoptose em células de Câncer de Pele Não Melanoma, atuando em vias como β-catenina e Fator 6 Associado ao Receptor de fator de necrose tumoral alfa, e reduzindo a atividade de metaloproteinases da matriz, importantes para invasão e metástase. Efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios.

  • Terpenóides (Eucaliptol, Eugenol, Geraniol, Linalol, Ácido Ursólico, etc.): Cada um com mecanismos específicos, como modulação de vias inflamatórias (ciclooxigenase-2, fator nuclear kappa B), indução de parada do ciclo celular e apoptose, e inibição de vias de proliferação (Ras/Raf/ Proteína Quinase Ativada por Mitógeno, fosfatidilinositol 3-quinase / Proteína Quinase B / Alvo da Rapamicina em Mamíferos). Ingenol mebutato induz necrose e resposta imune. Ácido glicirrízico modula células T regulatórias/células supressoras derivadas de mieloides. Betulina induz diferenciação e apoptose.

  • Sulforafano: Inibe histona deacetilases, ativa fator nuclear eritróide 2 relacionado ao fator 2, e pode reverter alterações epigenéticas associadas ao câncer. Em Carcinoma Espinocelular, demonstrou reduzir a progressão tumoral e metástase.

  • Ácido Ascórbico (Vitamina C) Tópico: Em altas concentrações (ex: >30g/100mL) e pH ácido (ex: 1.2-3.5), a vitamina C pode atuar como um pró-droga, gerando peróxido de hidrogênio no fluido extracelular, que é seletivamente tóxico para células cancerosas. Casos clínicos relataram regressão de Carcinoma Basocelular e Carcinoma Espinocelular com o uso de soluções concentradas de ácido ascórbico. A formulação (pH < 3.5, alta concentração) é crucial para a penetração cutânea.

  • Outros: Alcalóides como a criptolepina (inibição de topoisomerase), carotenóides (fotoproteção, fator nuclear eritróide 2 relacionado ao fator 2), e ceramidas (pró-apoptóticas) também estão sendo avaliados.

  • Nanotecnologia na Entrega de Fitoquímicos e Fármacos: Para superar limitações como baixa solubilidade, instabilidade e má penetração cutânea de muitos compostos naturais (e alguns convencionais), a nanotecnologia é uma ferramenta promissora:

  • Lipossomas e Etossomos: Vesículas lipídicas que encapsulam o ativo, melhorando a penetração e estabilidade. Usados para resveratrol, curcumina, Epigalocatequina-3-galato.

  • Nanopartículas Lipídicas Sólidas e Carreadores Lipídicos Nanoestruturados: Oferecem liberação controlada e melhoram a biodisponibilidade dérmica. Usados para resveratrol, Epigalocatequina-3-galato, curcumina e apigenina.

  • Transferossomos: Vesículas ultradeformáveis que podem penetrar profundamente na pele. Géis de transferossomos com Epigalocatequina-3-galato mostraram boa permeação e potencial para Câncer de Pele Não Melanoma.

  • Outras Nanopartículas: Poliméricas, de ouro, etc., para carrear resveratrol, apigenina.


Imunomodulação por Fitoquímicos: Muitos compostos naturais exercem efeitos imunomoduladores que podem ser benéficos no contexto do Câncer de Pele Não Melanoma:

  • Redução da Imunossupressão Induzida por Radiação Ultravioleta: Ao combater a inflamação e o dano ao ácido desoxirribonucleico, fitoquímicos podem ajudar a restaurar a competência imune da pele. A nicotinamida também atua nesse sentido.

  • Modulação de Células Imunes: Resveratrol e ácido glicirrízico podem diminuir a função de células T regulatórias e células supressoras derivadas de mieloides, que inibem a resposta antitumoral. Epigalocatequina-3-galato pode influenciar o recrutamento de células T. O composto organogermânico THGP demonstrou promover a polarização de macrófagos para o fenótipo M1 (antitumoral).

  • Modulação de Citocinas: Compostos como resveratrol, ácido glicirrízico e eugenol podem alterar o perfil de citocinas no microambiente tumoral, favorecendo uma resposta imune pró-inflamatória tipo Linfócitos T Auxiliares tipo 1 (antitumoral) e reduzindo citocinas pró-tumorais (interleucina-6, fator de necrose tumoral alfa). Extratos de Neem (Azadirachta indica) e Tulsi (Ocimum sanctum) também modulam citocinas e vias de sinalização imune como STAT1 e fator nuclear kappa B. A pesquisa em imunomodulação por fitoquímicos ainda é predominantemente pré-clínica, mas aponta para o potencial desses agentes em "educar" o sistema imunológico contra o Câncer de Pele Não Melanoma.


7. Conclusão: Educação, Prevenção e Esperança na Pesquisa

O Dia Global de Conscientização sobre o Câncer de Pele Não Melanoma, 13 de junho, é uma oportunidade para reforçar que, embora comum, este câncer é largamente prevenível e altamente tratável quando diagnosticado precocemente. A educação sobre os riscos da exposição à radiação ultravioleta desprotegida, a promoção de hábitos de fotoproteção e o incentivo ao autoexame e às consultas dermatológicas são pilares fundamentais.


A ciência continua avançando, não apenas nos tratamentos convencionais, mas também na exploração do vasto arsenal terapêutico oferecido pela natureza. Fitoquímicos e compostos naturais, apoiados por tecnologias inovadoras como a nanotecnologia, representam uma fronteira promissora para novas estratégias de prevenção e tratamento, possivelmente como terapias integrativas que atuam em sinergia com as abordagens padrão, melhorando desfechos e a qualidade de vida dos pacientes. A compreensão do impacto sistêmico do Câncer de Pele Não Melanoma e da interação com diversos nutrientes também abre novas perspectivas para uma abordagem mais holística do paciente.


A conscientização e a pesquisa contínua são nossas maiores aliadas na redução do fardo global do Câncer de Pele Não Melanoma.


Espero que tenham gostado!  Abraços e beijos no coração!



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