Ashwagandha (Withania somnifera): A Maravilha Indiana da Fitoterapia
- Projeto Sementes do Bem
- 18 de out. de 2023
- 8 min de leitura

Se você é alguém que tem um apreço por plantas medicinais e busca ampliar seu conhecimento, Ashwagandha, cientificamente conhecida como Withania somnifera (WS), é uma jóia ancestral que merece sua atenção. Hoje, trago informações retiradas de um artigo de revisão, vamos explorar os muitos benefícios e usos desta erva indiana que tem raízes profundas nas tradições médicas indígenas e ayurvédicas com mais de 3.000 anos.
Ashwagandha e o Mundo dos Rasayanas
As raízes de Ashwagandha são classificadas como "Rasayanas", termo que denota substâncias conhecidas por promover o bem-estar e a longevidade. Essas plantas têm a incrível capacidade de fortalecer as defesas naturais do corpo, retardar o processo de envelhecimento e restaurar a vitalidade em tempos de doença. Elas também fortalecem a capacidade do corpo de resistir a elementos ambientais negativos e promovem uma sensação de bem-estar mental.
Historicamente, Ashwagandha foi utilizada para tratar uma variedade de condições, incluindo demência senil, úlceras, infecções bacterianas, doenças hepáticas e envenenamento. Mais recentemente, ganhou fama como afrodisíaco, adaptógeno, tônico hepático e antioxidante. Além disso, ensaios clínicos e estudos em animais demonstraram seu potencial terapêutico em áreas como ansiedade, doenças neurológicas, inflamação, hiperlipidemia e doença de Parkinson. Também há evidências de que Ashwagandha pode ser um complemento útil para pacientes submetidos a radiação e quimioterapia devido às suas propriedades quimiopreventivas. Além disso, esta erva tem sido usada para ajudar a prevenir o desenvolvimento de tolerância e dependência em relação a certos medicamentos psicotrópicos.
Explorando o Potencial Terapêutico
Agora, vamos dar uma olhada mais detalhada em algumas áreas específicas em que Ashwagandha tem mostrado promessas terapêuticas:
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Estudos clínicos sugerem que um suplemento de ervas contendo Ashwagandha pode melhorar a atenção e o controle impulsivo em crianças com TDAH. Embora os efeitos específicos da Ashwagandha nesse contexto ainda sejam objeto de pesquisa, é uma notícia promissora para os pais e cuidadores de crianças com esse desafio.
Ataxia Cerebelar
A ataxia cerebelar, uma condição que afeta o equilíbrio e a coordenação motora, pode ser aliviada quando Ashwagandha é usada no tratamento. Embora mais pesquisas sejam necessárias, essa descoberta é uma esperança para aqueles que sofrem com essa condição debilitante.
Infertilidade Masculina
Estudos clínicos indicam que Ashwagandha pode melhorar a qualidade dos espermatozoides em homens inférteis. No entanto, seu efeito sobre a contagem de espermatozoides ainda não está claro. Embora não seja uma garantia de aumento da fertilidade, essa descoberta é uma luz no fim do túnel para casais que enfrentam desafios de infertilidade masculina.
Artrite
Ashwagandha possui propriedades analgésicas que ajudam a reduzir a resposta à dor do sistema neurológico. Quando combinada com outras substâncias em um suplemento chamado Articulin-F, ela pode ser eficaz na redução dos sintomas da artrite.
Tumores Fibroides Uterinos
Para as mulheres que sofrem de tumores fibroides uterinos, Ashwagandha pode trazer alívio. Seu uso a longo prazo foi associado à redução do sangramento uterino e à diminuição desses tumores.
Efeito Antioxidante: Protegendo o Cérebro e o Sistema Nervoso
O sistema nervoso e o cérebro são altamente vulneráveis aos danos causados por radicais livres devido à abundância de lipídios e ferro. Isso torna esses tecidos suscetíveis a doenças neurodegenerativas, como Parkinson, Alzheimer, esquizofrenia, epilepsia e envelhecimento normal. No entanto, pesquisas demonstraram que a Ashwagandha possui propriedades antioxidantes notáveis que podem ajudar a combater esses danos. Estudos envolvendo a catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPX) mostraram que a Ashwagandha aumenta a atividade dessas enzimas no tecido neural. Essa melhoria na atividade antioxidante pode ajudar a reduzir o acúmulo de radicais livres nocivos, proporcionando uma proteção valiosa ao cérebro.
Efeito Antineoplásico: Combatendo o Câncer
Ashwagandha tem mostrado potencial como um agente antineoplásico, ou seja, na prevenção e tratamento do câncer. Em estudos com ratos expostos a agentes causadores de câncer, o extrato de raiz de Ashwagandha demonstrou efeitos quimiopreventivos. Isso resultou em uma redução na incidência e na taxa de lesões na pele. Além disso, níveis de enzimas antioxidantes como glutationa reduzida, GPX, SOD e CAT se aproximaram dos níveis normais quando o extrato foi administrado. Essa ação antioxidante desempenha um papel crucial na proteção contra o câncer. Além disso, estudos in vitro mostraram que os withanolides do Ashwagandha reduzem a proliferação de linhas celulares de câncer em diversos órgãos. Isso sugere que extratos de Ashwagandha podem ser promissores na redução ou prevenção do crescimento tumoral em pacientes com câncer.
Combatendo as Mordidas de Cobra
Ashwagandha demonstrou ser um agente com potencial para combater as mordidas de cobra. A pesquisa revelou que a erva possui inibidores da hialuronidase, uma enzima que auxilia na rápida disseminação dos venenos de cobra. Em algumas áreas rurais da Índia, extratos de plantas têm sido usados como antídotos externos para vítimas de picadas de cobra.
Efeito na Peroxidação Lipídica e Efeito Hipolipidêmico: Promovendo a Saúde Cardiovascular
Ashwagandha tem mostrado efeitos positivos na redução da peroxidação lipídica, que está relacionada a doenças cardiovasculares. Em estudos envolvendo camundongos hipercolesterolêmicos, o pó de raiz de Ashwagandha reduziu os níveis de triglicerídeos totais, colesterol e lipídios. Além disso, a atividade da HMG-CoA redutase, uma enzima associada à produção de colesterol, aumentou, juntamente com os níveis de lipoproteína de alta densidade. Isso indica um efeito hipolipidêmico, ou seja, a capacidade de reduzir os níveis de lipídios no sangue. Além disso, ratos que receberam uma dieta rica em gordura tiveram seus níveis sanguíneos de colesterol e triglicerídeos drasticamente reduzidos após receberem extrato.
Efeito Antibacteriano: Combate Infecções de Forma Segura
Ashwagandha tem demonstrado eficácia contra uma variedade de bactérias, incluindo Salmonella typhimurium, por meio de estudos de difusão em poço de ágar in vitro. Os extratos alcoólicos e aquosos de folhas e raízes da planta exibiram atividade antibacteriana, com a sub-fração butanólica dos extratos mostrando a maior eficácia inibitória. Importante destacar que esses extratos não causaram lise quando incubados com eritrócitos humanos, ao contrário de alguns antibióticos sintéticos, como o cloranfenicol. Isso sugere que a Ashwagandha é segura para células vivas. Além disso, em um estudo envolvendo ratos infectados com Salmonella, o uso de extratos aquosos resultou na erradicação eficiente da infecção, melhorando a taxa de sobrevivência dos animais e reduzindo a carga bacteriana em órgãos importantes.
Ação Adaptogênica: Aliviando o Estresse
Ashwagandha é frequentemente utilizada como um tratamento antiestresse devido às suas propriedades adaptogênicas. Estudos realizados em modelos de camundongos com síndrome de fadiga crônica revelaram efeitos positivos da Ashwagandha. Essa síndrome é caracterizada por episódios recorrentes de cansaço. Quando ratos estressados receberam doses diárias de antioxidantes e Ashwagandha antes do estresse, houve um aumento considerável no tempo de mobilidade. Isso demonstra as propriedades antiestresse do extrato de Ashwagandha.
Papel Neurodegenerativo: Promovendo a Saúde Cerebral
Ashwagandha tem mostrado potencial no tratamento de condições neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer. Os vitanolídeos extraídos da Ashwagandha inibem a acetilcolinesterase e a butilcolinesterase de forma dose-dependente. Isso é significativo, pois a inibição dessas enzimas está associada ao tratamento da doença de Alzheimer. A Ashwagandha também contém sitoindosídeos VII-X e Withaferin-A, usados na medicina indiana para melhorar o funcionamento cerebral em pessoas idosas, reduzindo o esquecimento e outras deficiências. Em modelos experimentais de doença de Alzheimer, a Ashwagandha demonstrou reverter a perda cognitiva e restaurar indicadores colinérgicos. Além disso, a Ashwagandha promoveu o crescimento de neuritos em culturas de neurônios corticais de ratos, sugerindo um potencial nootrópico.
Eficácia em Adenoma Pulmonar Induzido por Uretano: Potencial Anticâncer e Imunomodulador
Ashwagandha mostrou ser benéfica na prevenção de adenomas pulmonares causados pelo uretano em ratos. Além disso, protegeu contra os efeitos adversos do uretano, como leucopenia. Ashwagandha pode ser usada em conjunto com tratamentos de radiação ou quimioterapia para câncer, reduzindo os efeitos colaterais dessas terapias e aumentando a imunidade do paciente. Além de seu potencial anticancerígeno, Ashwagandha atua como um imunomodulador, prolongando a vida dos pacientes com câncer, particularmente em situações em que a imunidade reduzida do paciente é uma preocupação.
Alívio da Ansiedade e Depressão:
Ashwagandha tem sido estudada quanto ao seu potencial para aliviar a ansiedade e a depressão. O estresse crônico pode levar ao excesso de ingestão de alimentos, levando ao aumento de peso e obesidade. Estudos mostram que os extratos de folhas de Ashwagandha têm propriedades anti inflamatórias, ansiolíticas e antiapoptóticas que podem ajudar a prevenir ou retardar as consequências negativas da obesidade e distúrbios relacionados. Além disso, em um estudo com camundongos, a administração de extrato de semente e raiz de Ashwagandha resultou em uma resistência à natação duas vezes maior do que a dos camundongos de controle, indicando um efeito adaptogênico antiestresse significativo.
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA):
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma condição devastadora que afeta o sistema nervoso e os músculos. Pesquisas demonstraram que Ashwagandha pode diminuir o desenvolvimento de doenças, melhorar a função motora e aumentar o número de neurônios motores na medula espinhal lombar em camundongos que possuem uma mutação associada à ELA. Isso é atribuído à indução da atividade de autofagia pela Ashwagandha.
Tratamento da Doença de Alzheimer:
Estudos in vitro e in vivo têm investigado o potencial da Ashwagandha e seus fitoconstituintes no tratamento da doença de Alzheimer. Um estudo revelou que o Withanone, um composto encontrado no extrato da raiz de Ashwagandha, inibe a amiloide-42, uma proteína associada à doença de Alzheimer. Outros estudos sugerem que a Ashwagandha e seus componentes podem exercer efeitos neuroprotetores e melhorar a função cognitiva em modelos animais de Alzheimer.
Eficácia na Doença de Parkinson:
A Ashwagandha tem sido estudada quanto à sua eficácia no tratamento da doença de Parkinson, uma condição neurodegenerativa relacionada à idade que envolve a degeneração de neurônios dopaminérgicos na substância negra do cérebro. Estudos realizados em camundongos e em Drosophila melanogaster demonstraram que o extrato etanólico da raiz de Ashwagandha tratou sintomas semelhantes aos do Parkinson, possivelmente através da supressão do estresse oxidativo, melhoria da função colinérgica e normalização dos níveis de dopamina.
Redução dos Sintomas da Esquizofrenia:
A esquizofrenia é uma condição crônica caracterizada por distúrbios graves no pensamento, percepção e comportamento. Ashwagandha tem sido objeto de pesquisas pré-clínicas e clínicas para tratar a esquizofrenia, e os resultados indicam seu potencial benefício. Em estudos que envolvem tratamento com extrato de raiz de Ashwagandha, observou-se melhoria nos movimentos de mastigação e protrusões da língua, bem como uma redução na peroxidação lipídica e um aumento nos níveis de enzimas antioxidantes. Isso sugere que a Ashwagandha pode ser eficaz na redução dos sintomas extrapiramidais induzidos por neurolépticos, que são frequentemente usados no tratamento da esquizofrenia.
Efeito sobre o Autismo:
O autismo é uma condição complexa caracterizada por dificuldades de aprendizagem e interação social, com implicações de estresse oxidativo, ativação de células gliais, inflamação, desequilíbrios químicos no cérebro e outros fatores. Um estudo recente revelou que o uso de Ashwagandha em combinação com valproato de sódio pode atenuar os sintomas do autismo em roedores, incluindo melhorias no comportamento alterado e na redução do estresse oxidativo. Além disso, as investigações histológicas do cerebelo mostraram melhorias na estrutura neuronal, incluindo a restauração do número de fibras de Purkinje, a redução da degeneração neuronal e da cromatólise. Esses achados sugerem que a Ashwagandha pode ter um impacto benéfico no tratamento do autismo.
Eficácia na Dependência de Drogas:
A dependência de drogas é uma condição complexa e crônica que envolve a dependência física e psicológica de substâncias químicas ou comportamentos. Estudos sugerem que a Ashwagandha pode ser benéfica na redução da dependência de substâncias como nicotina e na prevenção de alterações no sistema de recompensa associadas ao vício em morfina e etanol.
Conclusão:
Ashwagandha é uma planta que tem sido usada na medicina tradicional há séculos e estudos modernos apoiam seu potencial terapêutico em várias condições. Ela demonstrou possuir propriedades antitumorais, imunomoduladoras, antiinflamatórias, antioxidantes, antiestresse, hemopoiéticas e rejuvenescedoras. Além disso, ela tem um impacto positivo em sistemas corporais, como o endócrino, cardiopulmonar e nervoso central. Suas raízes e folhas contêm componentes com propriedades medicinais.
É necessário enfatizar a importância de buscar a orientação de profissionais qualificados antes de incorporar qualquer planta medicinal em sua rotina, a fim de evitar potenciais efeitos colaterais ou interações indesejadas com outros medicamentos.
Gostou deste artigo? Compartilhe com seus amigos e continue acompanhando nossos conteúdos! Fique atento ao nosso site, às nossas redes sociais!
Abraços e Beijos no coração!
Referências:
JAVED, Sadia et al. Ashwagandha. In: Essentials of Medicinal and Aromatic Crops. Cham: Springer International Publishing, 2023. p. 123-143. Disponível em: DOI: 10.1007/978-3-031-35403-8_6
Excelente.
Excelente artigo!
Seu artigo é maravilhoso, vamos passa-lo para frente. Seu projeto merece vida longa!